Terras Raras: O Futuro que o Brasil Perde ao Vender Seu Potencial Como Colônia
As chamadas terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos estratégicos para a indústria moderna e para a tecnologia militar.
Eles são indispensáveis na fabricação de microchips, turbinas eólicas, painéis solares, baterias de carros elétricos, radares, caças e até mísseis de alta precisão.
Hoje, países como China e Estados Unidos travam uma disputa geopolítica pelo controle dessas matérias-primas.
E o Brasil? Sentado sobre reservas gigantes, mas ainda com mentalidade colonial.
O Brasil e o Tesouro Escondido
O Serviço Geológico do Brasil já identificou grandes depósitos de terras raras em estados como Minas Gerais, Goiás, Bahia e Amazonas.
Em potencial, essas reservas poderiam colocar o país entre os cinco maiores produtores do mundo.
Mas, na prática, boa parte dos projetos são engavetados ou acabam cedendo direitos de exploração para empresas estrangeiras, com mínima agregação de valor dentro do território nacional.
Essa política equivale a vender a galinha dos ovos de ouro antes de ela botar o primeiro ovo, trocando riqueza estratégica por royalties que não chegam nem perto do valor agregado de produtos finais.
E se o Brasil Investisse em si Mesmo?
Um projeto robusto de exploração e industrialização de terras raras exigiria:
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Infraestrutura de extração (minas e processamento inicial).
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Centros de pesquisa e desenvolvimento.
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Parques industriais para transformar o minério em produtos de alto valor agregado.
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Parcerias estratégicas militares e tecnológicas para uso interno.
Estima-se que um investimento inicial de cerca de R$ 15 a R$ 20 bilhões poderia colocar o Brasil como player relevante no mercado global em menos de 10 anos.
Esse valor não é alto quando comparado ao tamanho do orçamento federal.
Comparação: Terras Raras x Gastos Políticos
O orçamento federal brasileiro gasta todos os anos cifras astronômicas com Congresso Nacional e emendas parlamentares.
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Custo anual do Congresso Nacional: cerca de R$ 11 bilhões.
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Emendas parlamentares (2024): mais de R$ 53 bilhões.
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Perdas anuais estimadas por corrupção: de R$ 70 a 100 bilhões, segundo estudos do IPEA e CGU.
Ou seja, o que o Brasil gasta em dois anos apenas com emendas e estrutura parlamentar seria suficiente para financiar todo o programa de exploração, processamento e industrialização das terras raras, incluindo uso militar e tecnológico.
O Potencial Militar
Se o Brasil controlasse a cadeia completa — do minério ao produto final — teria condições de:
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Fabricar radares e sistemas de comunicação próprios.
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Produzir drones e satélites de uso militar sem depender de componentes importados.
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Desenvolver mísseis de guiagem precisa com autonomia tecnológica.
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Reforçar sua presença estratégica no Atlântico Sul, protegendo o pré-sal e a Amazônia.
Isso transformaria o país de exportador de commodities para potência tecnológica emergente.
O Preço da Mentalidade Colonial
Ao entregar a exploração a empresas estrangeiras, o Brasil não só perde controle estratégico sobre um recurso crítico, mas também abre mão da oportunidade de criar um ecossistema industrial e científico próprio.
O resultado?
Ficamos dependentes da compra de tecnologia cara, pagando múltiplas vezes o valor da matéria-prima que vendemos a preço de banana.
O Brasil tem em mãos um recurso que pode definir seu papel no cenário global nas próximas décadas.
Mas, para isso, precisa trocar o curto prazo da barganha política e da corrupção pelo longo prazo do desenvolvimento soberano.
Se continuarmos entregando nossas riquezas como uma colônia moderna, perderemos não apenas bilhões de reais, mas também a chance de ocupar o lugar que nos cabe como potência tecnológica, militar e econômica.