Brasil não negocia soberania: terras raras são patrimônio estratégico, não moeda de barganha com os EUA
Brasil, dono da 2ª maior reserva de terras raras do mundo, reforça estratégia de exploração nacional e independência tecnológica sem ceder a pressões externas.
Terras raras: a riqueza estratégica do Brasil
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O Brasil detém aproximadamente 21 a 22 milhões de toneladas de terras raras, equivalendo a cerca de 23% das reservas globais, ficando atrás apenas da China.
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Apesar disso, o país responde por apenas ~1% da produção mundial, devido a limitações em tecnologia, infraestrutura e regulamentação.
Importância estratégica:
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Essenciais para fabricação de ímãs permanentes em veículos elétricos, turbinas eólicas, radares, mísseis e satélites.
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Elementos como neodímio, praseodímio, disprósio e térbio são críticos também para aplicações militares.
Geopolítica: riscos de ceder esse recurso
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O encarregado de negócios dos EUA declarou interesse direto em garantir acesso às terras raras brasileiras, especialmente diante da tarifação até 50% sobre exportações brasileiras.
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Isso eleva o risco de troca de soberania por concessões comerciais — uma decisão que pode comprometer o futuro do país.
Brasil reage: política nacional de minerais estratégicos
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Em agosto de 2025, o presidente Lula anunciou uma nova política de soberania sobre minerais estratégicos, destacando que o Brasil precisa agregar valor internamente aos seus recursos naturais antes de exportar.
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A criação de um Conselho Nacional de Materiais Minerais e o mapeamento completo das reservas serão instrumentos-chave dessa política.
Avanços práticos: projetos e investimentos em andamento
● Mineira Serra Verde (Goiás)
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Primeira mina integrada de terras raras em operação comercial no Brasil, com produção em torno de 5.000 toneladas por ano de óxidos de terras raras.
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Até o momento, quase toda a produção tem sido exportada à China para refino.
● Projeto MagBras (Minas Gerais)
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Parceria público-privada do tipo “mine‑to‑magnet”, apoiada por R$ 73 milhões do programa Mover, com objetivo de produzir no Brasil imãs de terras raras.
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Laboratório da Fiemg em Lagoa Santa já iniciou produção piloto.
● Outros projetos em Goiás e Minas
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Estão em curso investimentos de bilhões de reais (mais de R$ 3,2 bilhões) em projetos na região de Poços de Caldas e Minaçu, liderados por empresas brasileiras e internacionais.
Riscos e vantagens em não negociar soberania
Riscos da dependência externa
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Produzir para exportação bruta dá poucos ganhos tecnológicos e mantêm o Brasil dependente de insumos controlados por outros países.
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A troca de acesso por minerais compromete autonomia no uso dessas tecnologias em defesa, infraestrutura e segurança nacional.
Benefícios da exploração nacional
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Agrega valor ao PIB nacional: projeções falam em até R$ 243 bilhões de ganhos nos próximos 25 anos com cadeia de valor mineral.Desenvolvimento de tecnologia própria para Defesa: radares, superligas, mísseis, submarinos (como PROSUB – parceria com França).
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Geração de empregos qualificados, inovação e independência tecnológica.
Soberania não se negocia
O Brasil não pode entregar suas terras raras como moeda de barganha comercial para países que não investiram nem construíram nossa autonomia tecnológica.
Esses recursos devem ser usados para fortalecer as Forças Armadas, a indústria de alta tecnologia e garantir autossuficiência estratégica — e não para atender interesses alheios.