4/21/2022

A FALSIFICAÇÃO NAS CONTAS OFICIAIS DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA:

A Previdência e as Contradições do Modelo Atual

A análise do modelo previdenciário brasileiro, especialmente em relação à aposentadoria por tempo de contribuição versus aposentadoria por idade, revela diversas contradições e práticas que afetam diretamente a percepção pública e os resultados financeiros apresentados. 

Este artigo explora os pontos-chave trazidos por especialistas e economistas, como André Luiz Passos Santos e Ricardo Knudsen, que questionam a narrativa oficial sobre déficits, enquanto identificam os impactos da reforma previdenciária no futuro do trabalhador brasileiro.


A Aposentadoria por Tempo de Contribuição: Deficitária ou Superavitária?

A narrativa oficial frequentemente descreve a aposentadoria por tempo de contribuição como deficitária, mas especialistas como Santos argumentam que essa modalidade é, na verdade, superavitária. 

A aposentadoria por tempo de contribuição envolve trabalhadores com maior capacidade contributiva, e os cálculos revelam que os valores pagos são menores do que os arrecadados ao longo da vida laboral. 

Essa contribuição ajuda a equilibrar o sistema previdenciário, em contraste com a aposentadoria por idade, que realmente apresenta déficits devido à menor capacidade de contribuição dos trabalhadores envolvidos.

Fatores Determinantes

  1. Tempo Real de Contribuição: Trabalhadores precários levam até 48 anos para completar 20 anos de contribuição devido à intermitência no mercado de trabalho. Esse cenário contrasta com a realidade de trabalhadores de maior renda, que conseguem contribuir regularmente.
  2. Taxas de Juros Subestimadas: O uso de uma taxa de 2,5% ao ano nos cálculos governamentais subestima os resultados financeiros. Grandes fundos de previdência utilizam taxas mais realistas, entre 4,1% e 4,9%, o que demonstra superávit em cenários que o governo aponta como deficitários.

Impactos da Nova Previdência: A Quem Serve a Reforma?

A reforma previdenciária proposta entrega benefícios diretos ao setor financeiro, especialmente aos bancos e fundos de previdência privada. 

A aposentadoria por tempo de contribuição, historicamente associada aos trabalhadores de maior renda, representa um "filé-mignon" para o mercado financeiro. 

Ao dificultar o acesso a essa modalidade e empurrar trabalhadores para a previdência privada, cria-se uma dependência direta de instituições financeiras.

Interesses Ocultos

  • Privatização Velada: A eliminação da aposentadoria por tempo de contribuição direciona trabalhadores de maior renda para a previdência privada, aumentando os lucros do setor financeiro.
  • Construção de uma Narrativa: Ao manipular dados e apresentar cálculos desfavoráveis, o governo legitima a reforma, mascarando seus verdadeiros objetivos.

O Papel da Imprensa e dos Influenciadores

Um ponto crucial levantado é a falta de comunicação clara com a população. 

A imprensa e influenciadores pró-reforma frequentemente reproduzem informações oficiais sem questionar a metodologia dos cálculos ou os interesses por trás das mudanças. 

Isso cria uma percepção pública distorcida, dificultando o debate qualificado sobre os impactos reais da reforma.

Estratégias para Neutralizar Narrativas Enganosas

  1. Transparência nos Cálculos: Divulgar análises independentes sobre os dados e critérios utilizados para justificar a reforma.
  2. Campanhas Informativas: Mobilizar organizações sociais e acadêmicas para esclarecer os impactos da reforma aos trabalhadores.
  3. Rastreamento de Investimentos: Identificar o financiamento de campanhas e influenciadores pró-reforma, expondo possíveis conflitos de interesse.

A reforma da previdência, apresentada como necessária para equilibrar as contas públicas, levanta mais dúvidas do que certezas. 

Especialistas desvendam inconsistências nos cálculos e destacam os interesses de setores específicos, como os bancos, em enfraquecer a aposentadoria pública. 

Para proteger os direitos dos trabalhadores, é fundamental promover um debate baseado em fatos e reforçar mecanismos de controle e fiscalização sobre os impactos da reforma.

A questão não é apenas técnica, mas profundamente política, e requer atenção e mobilização para garantir um sistema previdenciário justo e sustentável para todos.

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