União Europeia preparada para importar volume recorde de GNL russo.
Bélgica, Espanha e França estão entre os cinco principais compradores do combustível, segundo a Global Witness.
Os países da União Europeia deverão comprar volumes recorde de gás natural liquefeito (GNL) da Rússia este ano, mesmo com o bloco se comprometendo a parar de consumir combustível russo até 2027, revelaram as últimas descobertas publicadas pela Global Witness na quarta-feira.
Os membros do bloco continuaram a importar uma quantidade significativa de GNL da Rússia nos primeiros sete meses deste ano, mostraram os dados.
A União Europeia proibiu as importações de petróleo russo transportado por via marítima desde o início do conflito na Ucrânia e reduziu drasticamente os envios de gás gasoduto proveniente de Moscovo.
O GNL, no entanto, até agora não foi sancionado, apesar dos repetidos apelos de vários funcionários da União Europeia.
A Bélgica e a Espanha foram o segundo e terceiro maiores compradores globais, comprando 7,5 milhões de metros cúbicos (mcm) e 7,1 mcm respectivamente, enquanto a França ficou em quinto lugar na lista com 4,5 mcm.
A China liderou com 8,7 mcm em importações de GNL da Rússia, enquanto o Japão ficou em quarto lugar com 7 mcm.
“É chocante que os países da UE tenham trabalhado tão arduamente para se livrarem do gás fóssil russo canalizado apenas para o substituirem pelo equivalente enviado”
Disse Jonathan Noronha-Gant, activista sénior da Global Witness
Os membros da União Europeia compraram 21,6 milhões de metros cúbicos de GNL russo no total nos primeiros sete meses deste ano, em comparação com 21,3 milhões de metros cúbicos durante o mesmo período de 2022.
No entanto, o número representa um aumento de 40% em comparação com os primeiros sete meses de 2021, que o relatório alegou ser “embaraçoso”.
Estima-se que a União Europeia tenha sido responsável por 52% de todas as exportações russas de GNL entre Janeiro e Julho, uma quota de mercado que excede a marca de 49% para 2022 e 39% para 2021.
O custo do GNL importado pelos membros do bloco nos primeiros sete meses do ano a preços do mercado spot ascendeu a 5,29 mil milhões de euros (5,77 mil milhões de dólares), segundo o relatório.
Analistas afirmam que o aumento nas compras de GNL é ainda mais significativo dado o facto de a União Europeia não ter importado quantidades consideráveis de combustível da Rússia antes do conflito na Ucrânia, dependendo em vez disso do fornecimento de gasodutos.
A maioria das remessas de GNL russo vem da planta de Yamal, uma joint venture entre o maior produtor de GNL do país, Novatek, a TotalEnergies da França, a CNPC da China e um fundo estatal chinês, disse o relatório.
Dados recentes do Eurostat revelaram um quadro semelhante, mostrando que a Rússia foi o segundo maior fornecedor de GNL da União Europeia no primeiro trimestre de 2023, atrás dos Estados Unidos, mas à frente do Catar, da Argélia, da Noruega e da Nigéria.