7/11/2025

PORQUE AS TARIFAS CONTRA O BRASIL PODEM CUSTAR CARO AOS EUA:

 

Estados Unidos

Tarifas contra o Brasil podem custar caro aos EUA: 

Prejuízos bilionários, desemprego e gargalos logísticos

Especialistas alertam que taxar produtos brasileiros em 50% pode afetar cadeias produtivas nos Estados Unidos, encarecer produtos e gerar desemprego em setores estratégicos

Washington / Brasília — 12 de julho de 2025 

A ameaça dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, conforme carta atribuída ao presidente Donald Trump articulado por Eduardo Bolsonaro, pode sair mais cara para as empresas americanas do que se imagina. 

Embora o movimento seja justificado como resposta política ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, os impactos econômicos são concretos e imediatos: bilhões de dólares em prejuízos, possíveis demissões e desequilíbrio em setores cruciais da economia norte-americana.

Brasil é fornecedor estratégico para os EUA

Em 2023, os Estados Unidos importaram cerca de US$ 36 bilhões em bens do Brasil, segundo o U.S. Census Bureau. 

Entre os principais produtos estão aço, café, carne, suco de laranja, couro, calçados e produtos químicos.

 Economistas ouvidos pela reportagem alertam que uma sobretaxa de 50% nesses produtos pode gerar aumento de até US$ 18 bilhões nos custos anuais para empresas norte-americanas.

“O aço brasileiro, por exemplo, é fundamental para setores automotivo e de construção. Substituí-lo por fornecedores asiáticos em poucos meses é logisticamente impossível”, afirma a economista Sarah Goldberg, da Georgetown University.


Análise Estratégica: Prejuízos Potenciais às Empresas Americanas com a Taxação de Produtos Brasileiros

1. Quanto os EUA importam do Brasil?

Dados do U.S. Census Bureau (2023) mostram que os EUA importaram aproximadamente US$ 36 bilhões em bens do Brasil no último ano. 

A distribuição por setor é a seguinte:

SetorValor em bilhões (USD)% do total
Minério de ferro e aço$7,119,7%
Produtos agrícolas (café, suco, carne)$6,417,7%
Óleos e combustíveis$5,214,4%
Químicos e farmacêuticos$3,910,8%
Máquinas e equipamentos$3,59,7%
Calçados, couro, têxteis$2,15,8%
Outros manufaturados$7,821,7%

Com base nesse panorama, uma tarifa de 50% imposta sobre esses produtos pode gerar:

💸 Prejuízo estimado para empresas dos EUA (curto prazo)

  • Aumento de custos de importação na ordem de US$ 18 bilhões anuais (considerando que parte do aumento será repassado e parte absorvida).

  • Isso pode afetar margens de lucro, repasses ao consumidor e contratos com distribuidores e varejistas.


⚠️ Setores mais impactados diretamente

🍊 Alimentação e Agronegócio

  • Produtos como café, suco de laranja e carne são difíceis de substituir rapidamente em volume e qualidade.

  • Estados como Flórida, Califórnia e Texas seriam diretamente impactados.

  • Supermercados e distribuidores enfrentariam aumento de preços, repasse ao consumidor e perdas de competitividade.

🏗️ Indústria Siderúrgica e Automotiva

  • Empresas que usam aço brasileiro como insumo teriam seus custos drasticamente elevados.

  • Isso inclui montadoras, construtoras e fabricantes de equipamentos pesados.

  • Dificuldade em substituir por aço da China ou Índia no curto prazo por razões logísticas e de qualidade.

👢 Setor têxtil, couro e calçados

  • O Brasil é fornecedor importante de couro tratado e calçados de alta qualidade para marcas americanas.

  • Mudança de fornecedor pode levar de 6 meses a 1 ano, resultando em atrasos de produção e quebra de estoque.

🧩 É possível substituir os produtos brasileiros rapidamente?

Curto prazo (0 a 6 meses): difícil

  • Cadeias logísticas globais estão tensionadas desde a pandemia.

  • Novos contratos, inspeções sanitárias, logística e certificações ambientais demandam tempo.

  • Em alguns casos, como o café brasileiro tipo arábica, não há substituto direto com o mesmo volume e qualidade no curto prazo.

⚙️ Médio prazo (6 a 18 meses): possível, mas com custos


📉 Pode causar desemprego nos EUA?

Sim, especialmente em setores importadores ou dependentes da cadeia brasileira, como:

Um estudo do Peterson Institute estima que para cada US$ 1 bilhão em barreiras comerciais, até 6.000 empregos podem ser afetados direta ou indiretamente

Assim, a perda de US$ 18 bilhões pode impactar até 100 mil empregos em setores específicos nos EUA, caso os efeitos sejam severos e prolongados.

Setores mais afetados

  • Agroalimentar: O Brasil fornece grandes volumes de café, suco de laranja e carne bovina. Os estados da Flórida, Califórnia e Texas podem sentir diretamente o impacto nos preços ao consumidor.

  • Siderúrgico e automotivo: O aço brasileiro tem alta qualidade e preço competitivo. Grandes montadoras americanas utilizam esse insumo. Uma substituição repentina poderia levar à interrupção de produção e aumento de custos.

  • Couro e calçados: Marcas de moda americanas dependem de matérias-primas brasileiras. A substituição leva tempo e exige novos contratos e certificações.

Riscos de desemprego

Estudos do Peterson Institute apontam que cada US$ 1 bilhão em barreiras comerciais pode impactar até 6 mil empregos direta ou indiretamente. 

Assim, com US$ 18 bilhões potencialmente afetados, cerca de 100 mil empregos em setores importadores, varejo e logística poderiam ser colocados em risco.

“O impacto seria sentido principalmente em estados ligados ao comércio exterior e à indústria alimentícia. Isso tem potencial político explosivo em um ano eleitoral como 2026”, avalia o analista político Ethan Clarke, da Brookings Institution.

Substituição é possível? Não no curto prazo

Apesar de alternativas em países como Índia, Vietnã e México, especialistas afirmam que substituir os produtos brasileiros exigirá de 6 a 18 meses, por conta de exigências sanitárias, custos logísticos e processos de homologação.

“Alguns itens, como o café arábica premium e o aço semiacabado, não têm substitutos imediatos em escala. Isso criaria gargalos e aumento de preços em cadeia”, explica a consultora de comércio exterior Laura Mitre, baseada em Nova York.

Conclusão: risco mais político do que comercial

Embora a retórica política busque pressionar o governo brasileiro, a realidade econômica mostra que os Estados Unidos também têm muito a perder. 

Tarifas punitivas sobre o Brasil não apenas afetam o bolso do consumidor americano, como também prejudicam cadeias produtivas, contratos internacionais e o próprio emprego doméstico.

Diante disso, cresce a pressão interna para que Washington reavalie a medida, sobretudo diante dos riscos de retaliação comercial por parte do Brasil, que já sinalizou que poderá restringir a entrada de produtos agrícolas, farmacêuticos e tecnológicos norte-americanos.

“A tentativa de punir o Brasil politicamente pode gerar um efeito bumerangue econômico nos EUA. É uma jogada perigosa e de alto custo”, conclui Sarah Goldberg.

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