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3/02/2018
GUERRA DOS CAÇAS LOBY NORTE-AMERICANO PARA VENDER OS CAÇA F18 AO BRASIL.
Estados Unidos tentaram usar Saito e Jobim para venda dos caças estadunidense.
A disputa pela venda de 36 caças para as Forças Aéreas Brasileiras foi palco de grande atuação da representação americana no Brasil.
Documentos obtidos, revelam que a embaixada procurou:
1) Ministro da Defesa, Nelson Jobim.
2) Comandante da FAB Brigadeiro Juniti Saito para influenciar na decisão.
Ao mesmo tempo, estava o governo americano a se mexer, assim como o francês estava fazendo.
A menos de um mês do final do governo Lula, a compra dos caças continua sem definição e deve ser decidida pela presidente eleita Dilma Rousseff.
Nesta semana, ela retoma a discussão em reunião com o ministro Jobim.
Lobby :
Mas desde maio de 2009, a embaixada estadunidense em Brasília tenta fazer com que o governo dos EUA se engaje mais na disputa.
Em um telegrama do dia 19, a Ministra Conselheira Lisa Kubiske pediu que Washington faça um lobby mais intenso, pois alguns contatos brasileiros:
"dizem não acreditar que o governo dos Estados Unidos esteja apoiando a venda fortemente”,
Enquanto o presidente francês Nicholas Sarcozy estaria envolvido diretamente e os suecos estariam atuando:
“em nível ministerial”.
Kubiske acredita que a falta de atuação pessoal:
"é uma desvantagem crítica em uma sociedade brasileira na qual os relacionamentos pessoais servem de fundação para os negócios”,
E reforça que o governo deve assumir posição favorável à aprovação de transferências de tecnologia.
“A embaixada recomenda o seguinte, como próximos passos a fim de reforçar nossos argumentos no que tange à transferência de tecnologia:
1) Uma carta do presidente Obama ao presidente Lula defendendo a causa;
1) Uma carta da secretária Clinton ao ministro da Defesa Jobim afirmando que o governo americano aprovou a transferência de toda a tecnologia apropriada.”
Também recomenda tentar influenciar senadores que vistariam os EUA em junho daquele ano.
"Concentrando as atenções em senadores importantes, temos a oportunidade de conquistar o apoio de indivíduos que podem influenciar os responsáveis pela decisão e garantir que as pessoas que terão de aprovar os dispêndio a do governo brasileiro compreendam que o F-18 lhes oferece mais valor".
Para Lisa, a campanha francesa é mentirosa:
"Nos últimos meses, o esforço francês de vendas vem se baseando em alegações enganosas, se não fraudulentas, de que seu caça envolve apenas conteúdo francês, o que o isentaria dos incômodos controles de exportação dos Estados Unidos.
Mas isso não procede.
Uma análise da Administração de Segurança da Tecnologia de Defesa encontrou alta presença de conteúdo norte-americano, o que inclui:
1) Sistemas de mira,
2) Componentes de radar.
3) Sistemas de segurança que requer licenças norte-americanas”.
Aliados:
A decisão estadunidense em atuar mais fortemente foi vista com apreciação pelo brigadeiro Juniti Saito, comandante das Forças Armadas.
Por causa da atuação pessoal de Obama, que conversou com o presidente Luís Inácio Lula da Silva na cúpula do G8 em Áquila, na Itália, em 9 de julho de 2009, Lula teria instruído Jobim e Saito a conversarem com o Conselheiro de Segurança Nacional, general James Jones, segundo revela um telegrama de 31 de julho de 2009;
“Ela (a conversa) abriu as portas para que eu pudesse procurar o embaixador, como fiz”,
Teria explicado Saito durante um jantar por ocasião da visita do comandante do Comando Sul, o general Doug Fraser.
Na ocasião, Saito chamou o embaixador Sobel e seu conselheiro político de lado para indicar que preferia o F-18 ao francês Rafale.
E afirmou que não existia dúvida, do ponto de vista técnico, que americano era o melhor avião.
"Voamos equipamento americano há décadas e sabemos que é confiável e que sua manutenção é simples e oferece bom custo/benefício por meio do sistema de vendas militares externas".
Saito insistiu ainda que o governo estadunidense enviasse a carta que ele havia pedido se comprometendo com transferência de tecnologia.
O embaixador teria dito que a carta estava na fase final de aprovação.
"Aliviado, Saito disse que precisava ter a carta em mãos no dia 6 de agosto",
Relata o telegrama assinado pelo embaixador Clifford Sobel.
"Essa foi a expressão mais clara de que Saito pretende recomendar o F18".
Em 5 de janeiro, pouco antes da mudança de embaixador, Lisa Kubiske envia outro telegrama dizendo que a embaixada vai tentar influenciar Jobim para convencer o presidente.
“Permanece, entretanto, o formidável obstáculo de convencer Lula. Nosso objetivo agora deve ser garantir que Jobim tenha argumentos reforçados ao máximo possível para ir a Lula em janeiro”.
Para ela, o:
"alto preço"
Do Rafale e:
"as dúvidas sobre o desenvolvimeno do Gripen"
Levariam o Super Hornet a ser a
"opção óbvia".
Mas:
"o fato é que Lula reluta em comprar um avião dos EUA”.
Um dos últimos telegramas, relata uma conversa telefônica entre Nelson Jobim e o atual embaixador dos EUA, Thomas Shannon, em 5 de fevereiro deste ano.
O embaixador Shannon fez pressão, dizendo que:
"apesar da venda ser conduzida como uma transação comercial, a sua importância para a relação bilateral não deve ser ignorada".
Segundo ele:
"a decisão inédita de trasnferência de tecnologia americana em apoio ao Super Hornet mostra o alto grau de confiança que o governo estadunidense coloca na sua parceria com o Brasil".
Patriota, Irã e Haiti:
Antonio Patriota, anunciado como futuro ministro das Relações Exteriores durante o próximo governo, também foi alvo de lobby sobre os caças.
Durante uma reunião de uma hora no dia 4 de fevereiro, ouviu que a decisão de liberar toda a tecnologia necessária ao Brasil refletia uma mudança de paradigma para os EUA e ouviu que a decisão ainda não estava tomada.
Mas ouviu mais.
Segundo o relato de Shannon, Patriota comentou ainda a situação do Irã, que na época sofria pressões contra mais uma rodada de sanções contra seu programa nuclear.
Teria dito que o Brasil quer :
"evitar uma repetição do Iraque",
e que se havia uma saída diplomática, ela deveria ser adotada.
“A desconfiança é grande (sobre o Irã). Nós nunca sabemos o quão sinceros, mas vamos continuar tentando”,
Concluiu:
O embaixador recomendou ao governo brasileiro que se movimentasse com cautela em relação ao Irã.
Sobre a situação do Haiti, que havia sofrido um terremoto em 12 de janeiro, Patriota teria dito:
"nós teríamos que encontrar uma forma de contornar a escolha entre um governo corrupto no Haiti e colocar tanto dinheiro nas mãos de ONGs não-haitianas”.
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