Embaixada se aproxima de muçulmanos moderados para vigiar extremistas;
Brasil
São Paulo
Novos documentos, mostram que o governo estadunidense tem buscado se aproximar da comunidade muçulmana no Brasil como uma estratégia de contraterrorismo.
Para a missão estadunidense, São Paulo é uma das áreas onde elementos extremistas têm tentado recrutar jovens para a causa terrorista.
Por isso, o consulado na cidade avalia que o Brasil seria o local ideal para testar estratégias que podem ser úteis em outros países com minorias muçulmanas.
Em 2009, o consulado em São Paulo promoveu a visita da representante especial do governo estadunidense para comunidades muçulmanas, Farah Pandith, e começou a articular a visita de um sheik estadunidense moderado.
"A aproximação com muçulmanos moderados coloca os radicais na defensiva e abre canais de comunicação que podem levar a maior informações sobre elementos distantes da comunidade mais propensos ao radicalismo".
Diz um telegrama do consulado estadunidense em São Paulo , enviado em 20 de novembro de 2009.
Departamento de Inteligência da Polícia Federal Daniel Lorenz.
A visão dos estadunidense confirma o depoimento do ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal Daniel Lorenz sobre a prisão do libanês "senhor K" em maio de 2009 em São Paulo.
Lorenz afirmou em uma audiência na Câmara dos Deputados que a PF distinguir três estágios de atividade terrorista no país.
Primeiro, extremistas estrangeiros teriam usado o país como escala de viagem.
Depois, teriam procurado se legalizar e estabelecer no país através de adoção de filhos brasileiros.
Finalmente, extremistas residentes estariam iniciando ações de:
1) Recrutamento,
2) Apoio,
3) Treinamento,
4) Logística
5) Reconhecimento para ações terroristas fora do país.
A PF costuma compartilhar informações com a inteligência estadunidense.
O governo brasileiro nega a existência de atividades terroristas em solo nacional.
Engajando a comunidade;
O primeiro telegrama confidencial enviado pelo cônsul em São Paulo, Thomas White, em 11 de novembro de 2009, revela que há vários anos o consulado tem tentado se aproximar da comunidade árabe.
Através do cônsul-geral do Líbano, Joseph Sayah, White diz ter construído uma grande rede de amigos, entre sheiks e líderanças.
“Não tire o olho dos sunitas”,
Teria avisado Sayad, explicando que muitos jovem brasileiros têm sido atraídos pelo fundamentalismo islâmico.
O documento descreve também a comunidade libanesa brasileira, afirmando que os novos imigrantes do Líbano:
"são mais pobres e bem mais xiitas”
“A sua política é mais radical e eles frequentemente seguem a liderança do Hezbollah".
"A aproximação com muçulmanos moderados coloca os radicais na defensiva e abre canais de comunicação que poderiam levar a mais informações sobre elementos distantes da comunidade mais propensos ao radicalismo".
Escreve o cônsul estadunidenses.
"Trabalhar junto com os moderados não deve ser visto como algo separado de monitorar elementos mais ameaçadores".
Visita:
Um dos grandes momento da visita de Farah Pandith nos dias 22 e 23 de novembro foi uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na qual ela relatou sua história:
"como uma muçulmana americana".
A visita foi acompanhada de perto pelo consulado e relatada em um telegrama de 8 de dezembro de 2009.
Durante a visita Pandith encontrou representantes da comunidade muçulmana e visitou a mesquita de Santo Amaro, onde conversou com jovens estudantes.
"No geral, o grupo foi amigável e altamente acessível. As crianças mostraram interesse em aprender inglês e um conhecimento óbvio da cultura pop americana".
Descreveu o cônsul.
Além da visita de Pandith, o consulado sugere engajar a comunidade muçulmana através de apresentações sobre o presidente Obama e a visita de um sheik americano:
"que pode explicar como o Islã é agora uma parte vital da sociedade americana e construir laços com líderes religiosos locais".
A ideia do consulado é replicar a estratégia em outros países com minorias muçulmanas pelo mundo.