Crise na Cacau Show:
Quando a liderança vira o maior risco da empresa
A gigante da chocolataria brasileira vive turbulência inegável.
O modelo de negócios idealizado por Alexandre Costa — da “venda direta” ao império de mais de 3.000 lojas — está ameaçado por denúncias de gestão centralizadora, reclamações de franqueados, fechamento de unidades e problemas operacionais graves.
Franqueados reclamam: abandono, canibalização e promessa não cumprida
Segundo relatos de ex-franqueados do modelo, a expansão da Cacau Show exigiu “aventuras” financeiras dos franqueados:
“franquias vendem o mundo pra vc… mas demoramos 5 meses pra entrar no break even” mundodomarketing.com.br+15reddit.com+15reddit.com+15
Muitos fecharam em menos de um ano:
“tiveram umas 2 bem perto… abriram e fecharam em menos de 1 ano” reddit.com
O modelo de negócio saturado aliados ao alto investimento inicial de até R$ 300 mil, deixou franqueados sem suporte do franqueador quando as vendas não decolavam.
Interdições e falhas operacionais: exemplo em Guarulhos
Em 2023, o Procon interditou uma unidade por condições “insalubres”:
1) Presença de roedores,
2) Produtos vencidos,
3) Irregularidades trabalhistas
4) Especialmente exploração de funcionários.
A Cacau Show fechou a loja e rescindiu o contrato, afirmando que “siga estritamente a legislação e compromisso com o franqueado” reddit.com+15fevereiroecruz.com.br+15reddit.com+15.
Mas o caso levantou questões sobre falta de fiscalização interna real pela franqueadora.
Altos custos, baixos resultados: quem paga a conta?
O investimento mínimo (container + estoque) ficava entre R$ 30 mil a R$ 300 mil, com alto, custo fixo.
Muitos franqueados enfrentavam:
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Alta taxa de rotações de estoque (sobremesas sazonais)
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Vendas médias “sobrevivência”
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Concorrência intensa entre unidades da própria marca (“canibalização”)
Revelações do próximo CEO (comentário de 2024) mostram que oficialmente a rede tinha mais de 2.000 lojas, mas estimativas independentes apontavam.
O silêncio sobre abusos de poder
Há relatos silenciosos sobre pressões operacionais, metas agressivas e exceções de contrato impostas aos franqueados.
Sem transparência ou canal de denúncia efetivo (diferente do caso de Guarulhos), há uma sensação geral de predominância do interesse da matriz sobre a sustentabilidade dos franqueados.
Oportunidade para concorrentes
Enquanto a Cacau Show navega em crise interna, marcas como Dengo, Nestlé/Garoto, Ferrero, além de chocolate bean‑to‑bar nacionais, apostam em:
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Sustentabilidade (cascas agroflorestais, origem nacional do cacau)
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Preço competitivo
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Modelos de negócios enxutos e apoio direto ao produtor
A falha da Cacau Show em expandir canteiros de cultivo (apenas 3% de cacau provindo de fazendas próprias) exame.com também acende oportunidade para competidores se posicionarem como mais autossuficientes.
Riscos reais: de crise de imagem ao fechamento
A crise da rede — casos de interdições, falência de franqueados, insatisfação pública e liderança insensível — corre riscos concretos de:
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Perda de confiança do público e investidores
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Dificuldade de renovação contratuais com franqueados
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Queda de faturamento em datas-chave (Páscoa, Dia das Mães)
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Concorrência ganhando terreno
Se a liderança não agir rápido para reconhecer equívocos, resgatar valores e renovar processos, a Cacau Show corre risco de perder parte considerável do mercado ou mesmo fechar unidades— abrindo espaço para outras marcas assumirem sua fatia.
A crise da Cacau Show é um alerta para o setor de franquias — quando uma liderança forte vira tirania, é o franqueado quem paga a conta.
O modelo que antes parecia exemplar falha ao lidar com expansão, governança e responsabilidade social.
Outras marcas de chocolate já começam a ocupar o espaço deixado por essa crise — com estratégias mais modernas, humanas e alinhadas ao perfil atual do consumidor.