Economista chama aposentados e pensionistas de “câncer do governo”
O que isso revela sobre a visão neoliberal da Previdência Social?
Recentemente, um economista convidado por um dos programas jornalísticos da Rede Globo causou revolta ao se referir aos aposentados, pensionistas e beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada) como “o câncer dos gastos públicos”.
A declaração, além de desumana, revela muito sobre o projeto econômico que tenta deslegitimar o papel social da Previdência no Brasil.
A frase que chocou o Brasil
Durante uma reportagem sobre o “déficit da Previdência”, o economista — cujo nome não vamos citar para não amplificar o discurso — disse:
“Não tem como o país andar pra frente sustentando esse câncer que são aposentados, pensionistas e o BPC. Isso inviabiliza o crescimento.”
A Globo não contestou a fala ao vivo.
Nenhum contraponto foi feito.
Nenhuma defesa aos milhões de brasileiros que recebem esses benefícios.
Quem são os “culpados”, segundo esse discurso?
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Mais de 26 milhões de aposentados
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6,2 milhões de pensionistas
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5 milhões de pessoas que recebem o BPC, sendo idosos pobres e pessoas com deficiência em extrema vulnerabilidade
Chamar esse grupo de “câncer” é desumanizar aqueles que sustentam a economia das cidades pequenas, mantêm famílias inteiras e pagaram INSS por décadas.
O mito do “rombo” da Previdência
Todos os anos a grande mídia repete o bordão: “a Previdência está quebrando o país”.
Mas raramente explicam que:
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O sistema previdenciário é financiado por um tripé: trabalhadores, empregadores e governo
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A Constituição de 1988 prevê que saúde, assistência e previdência sejam financiadas por impostos específicos, como a CSLL e o PIS/Cofins
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O rombo só aparece quando o governo desvia dinheiro para pagar juros da dívida e perdoa dívidas bilionárias de grandes empresas
O impacto positivo dos aposentados na economia
Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada):
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Cada R$ 1 pago em aposentadoria ou BPC gera R$ 1,63 na economia
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Nas pequenas cidades do Brasil, a aposentadoria é o principal motor da economia
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Durante a pandemia, os benefícios impediram colapso de municípios inteiros
Chamar esse grupo de "peso morto" ignora o papel vital que eles têm no giro da economia real.
Por que a Globo dá palco para esse tipo de economista?
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Muitos dos economistas convidados para falar na grande mídia defendem os interesses do mercado financeiro
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O objetivo é convencer a população de que a única saída é cortar direitos sociais e expandir a capitalização
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O discurso da Globo quase nunca dá espaço para vozes da economia solidária, previdência pública forte ou auditoria da dívida pública
O que está por trás desse ataque?
Esse tipo de narrativa visa:
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Privatizar o INSS, como fizeram no Chile (e deu errado)
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Transformar aposentadoria em fundo privado, lucrativo apenas para bancos
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Diminuir o papel do Estado no amparo à população idosa e vulnerável
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Jogar os trabalhadores uns contra os outros, culpando os mais pobres pelo mau uso do dinheiro público como fizeram os bolsonaristas
Precisamos de justiça social, não de discursos tóxicos
A fala desse economista não é apenas infeliz.
Ela é criminosa moralmente, e representa uma forma de violência simbólica contra milhões de brasileiros que ajudaram a construir esse país.
É urgente denunciar esse tipo de pensamento.
A Previdência não é o problema.
O problema são as renúncias fiscais bilionárias, as dívidas não cobradas e os privilégios de poucos às custas de muitos.
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