O Brasil que Perdoa os Ricos:
R$ 800 bilhões por ano ignorados pelo governo — e silenciados pela mídia
Enquanto o brasileiro comum paga caro por tudo — alimentos, combustível, juros e impostos — o governo brasileiro abre mão de cobrar quase R$ 800 bilhões por ano.
Isso mesmo:
R$ 300 bilhões em renúncias fiscais e R$ 500 bilhões em dívidas não cobradas.
A pergunta é: por quê?
E por que ninguém fala disso?
O que são renúncias fiscais?
Renúncias fiscais são "descontos" dados a empresas e setores em forma de isenção, dedução, compensação ou adiamento de impostos.
Em 2024, de acordo com a Receita Federal, o Brasil deve abrir mão de cerca de R$ 306 bilhões com esse tipo de benefício tributário.
🔹 Para comparação:
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É mais do que o governo investe em educação básica, universidades e SUS juntos.
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É quase o dobro do Bolsa Família.
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É quase um orçamento inteiro do Ministério da Saúde.
Exemplos de setores que recebem renúncias fiscais:
Setor ou Benefício | Valor aproximado anual |
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Zona Franca de Manaus | R$ 29 bilhões |
Agronegócio (isenções de exportação) | R$ 50 bilhões |
Simples Nacional (empresas de pequeno porte) | R$ 90 bilhões |
Entidades religiosas e filantrópicas | R$ 20 bilhões |
Indústrias automobilística e naval | R$ 13 bilhões |
Cultura e audiovisual (Lei Rouanet, etc.) | R$ 1,5 bilhão |
🔔 Importante:
Nem todas essas isenções são negativas. Algumas são estratégicas.
O problema é a falta de transparência e avaliação dos resultados.
E a dívida ativa?
A dívida ativa da União é o valor que empresas, bancos e pessoas devem ao governo (impostos atrasados, multas, processos judiciais, etc).
Segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN):
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Total da dívida ativa federal (2024): R$ 2,6 trilhões
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Valor considerado recuperável: R$ 500 bilhões
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Valor efetivamente cobrado em 2023: apenas R$ 29 bilhões (menos de 6%)
Ou seja, há meio trilhão de reais “perdoado na prática” todos os anos.
Quem são os maiores devedores do Brasil?
De acordo com a lista pública da PGFN, os maiores devedores da União incluem:
Empresa | Valor aproximado da dívida |
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Banco Cruzeiro do Sul (falido) | R$ 4,2 bilhões |
Varig (falida) | R$ 3,5 bilhões |
Vasp (falida) | R$ 2,8 bilhões |
OGX (grupo Eike Batista) | R$ 2,6 bilhões |
Riachuelo | R$ 1 bilhão |
JBS/Friboi (processos diversos) | R$ 2,1 bilhões |
TIM Celular | R$ 1,3 bilhão |
Marfrig | R$ 800 milhões |
Por que o governo não cobra, e a imprensa não fala?
1. Poder econômico e lobby:
Empresas com alto poder de influência pressionam o Congresso e os ministérios para manter isenções e não sofrer execuções fiscais.
2. Conflito de interesses:
Setores beneficiados pelas renúncias financiam campanhas, veículos de mídia e influenciam diretamente decisões políticas.
3. Mídia tradicional omissa:
Boa parte da imprensa sobrevive de anúncios pagos por essas mesmas empresas. Falar contra pode significar perder receita publicitária.
4. Complexidade do sistema:
Os benefícios fiscais são tão complicados que a população sequer entende o que está sendo perdoado. E isso serve ao sistema.
O que daria para fazer com os R$ 800 bilhões?
Ação possível | Custo estimado |
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Dobrar o investimento em educação | R$ 110 bilhões |
Universalizar saneamento básico | R$ 500 bilhões (10 anos) |
Eliminar fila do SUS | R$ 30 bilhões |
Construir 5 milhões de moradias populares | R$ 300 bilhões |
Financiar um novo Bolsa Família dobrado | R$ 200 bilhões |
O povo paga, os gigantes escapam
Enquanto se discute “reforma administrativa” para tirar direitos de servidores ou “reforma da Previdência” para dificultar a aposentadoria, ninguém mexe nos privilégios fiscais das grandes empresas ou nos devedores bilionários.
Não há justiça tributária no Brasil.
Há um sistema que protege quem deve mais e cobra pesado de quem tem menos.