Empresa afirma que Estados Unidos assustam compra do fabricante de spyware Pegasus
O acordo entre a empreiteira de defesa L3Harris e a fabricante de armas cibernéticas NSO supostamente falhou depois que as negociações foram expostas.
Um empreiteiro de defesa dos Estados Unidos que tentou comprar a infame empresa israelense por trás do spyware Pegasus, afirmou que tinha o apoio da comunidade de inteligência dos Estados Unidos, informou o New York Times.
Dizem que as negociações entraram em colapso depois que a mídia as expôs no mês passado.
O relatório ofereceu novos detalhes sobre a oferta da L3Harris para adquirir a empresa israelense NSO, que foi colocada na lista negra pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos em novembro do ano passado.
Washington impôs sanções após anos de relatos de que o principal produto da empresa israelense, o Pegasus, foi usado por clientes para espionar autoridades estrangeiras, jornalistas e ativistas de direitos humanos, o que prejudicou significativamente os negócios da NSO.
De acordo com o Times, os negociadores da L3Harris alegaram ter o apoio silencioso da comunidade de inteligência dos Estados Unidos para comprar a NSO.
Era para ajudar na aprovação do acordo pelos Estados Unidos, apesar da empresa israelense estar na lista negra.
Executivos americanos fizeram a alegação enquanto se reuniam com Amir Eshel, diretor-geral do Ministério da Defesa de Israel, que teria que assinar a aquisição proposta.
Oficiais da empresa disseram que o governo dos Estados Unidos permitiria que o acordo fosse concluído sob certas condições, disseram fontes do Times.
Eles pediram que a coleção de explorações de 'dia zero' do NSO e o código-fonte do Pegasus fossem oferecidos aos membros do grupo de compartilhamento de inteligência Five Eyes, que incorpora os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
O governo israelense estava dividido sobre a proposta, com o Ministério da Defesa apoiando e a comunidade de inteligência se opondo, segundo o relatório.
Os militares também queriam manter a autoridade para emitir licenças de exportação para serviços NSO.
O Times observou que a NSO foi tratada por Israel como um “braço do Estado” de fato.
A empresa assumiu como clientes os países com os quais o governo israelense queria fortalecer as relações, incluindo a Arábia Saudita.
As conversas foram divulgadas pela primeira vez no mês passado pelo site Intelligence Online, com um relatório conjunto do Haaretz, The Washington Post e The Guardian confirmando parcialmente seu conteúdo.
O Times e o Washington Post disseram dias após a exposição que as negociações foram canceladas, embora de acordo com o Times;
“houve tentativas de ressuscitar as negociações”.
Autoridades dos Estados Unidos disseram a ambos os jornais que não estavam cientes de nenhum apoio do governo americano à oferta da L3Harris para comprar a NSO.
“Depois de saber sobre a venda em potencial, a [comunidade de inteligência] fez uma análise que levantou preocupações sobre as implicações da venda e informou a posição do governo”,
Disse o Times citando uma fonte.
O jornal disse que ainda há dúvidas;
"sobre se partes do governo dos EUA... aproveitaram a oportunidade para tentar colocar o controle do poderoso spyware da NSO sob a autoridade dos EUA"
Com ou sem o conhecimento da Casa Branca.
A L3Harris fatura bilhões a cada ano com contratos governamentais federais e estaduais.
O Pentágono é sua principal fonte de contratos, mas também prestou serviços ao FBI e às forças policiais locais nos Estados Unidos, disse o Times.
Em 2018, a empresa americana comprou a empresa de spyware australiana Azimuth Security.
Dois anos antes, Azimute havia ajudado o FBI a desbloquear o telefone de um dos atiradores de San Bernardino, encerrando o impasse da agência com a Apple por sua recusa em fornecer ao governo acesso ao dispositivo.
O papel da empresa não foi revelado até o ano passado.