A abertura da China para o café brasileiro
Em resposta às tarifas de 50% impostas pelos EUA sobre o café brasileiro, a China aprovou 183 exportadores do Brasil a partir de 30 de julho de 2025, com licenças válidas por cinco anos — um movimento estratégico que oferece maior estabilidade e diversificação aos exportadores brasileiros.
Entre janeiro e junho de 2025, o Brasil exportou cerca de 538 mil sacas de 60 kg para a China, frente a mais de 8 milhões enviadas aos EUA no ano anterior — ou seja, quase um terço do consumo norte-americano.
Historicamente, em 2023, as exportações brasileiras para a China cresceram 275%, chegando a cerca de 1,48 milhão de sacas, tornando-se o 6º destino global.
Em 2024, os embarques subiram quase 40%, e estima-se que em 2025 eles ultrapassem facilmente 2 milhões de sacas.
Além disso, parcerias como a da cadeia Luckin Coffee (mais de 16.000 lojas) garantem compra de cerca de 120 mil toneladas de café (aproximadamente US$ 500 milhões), reforçando o canal direto entre Brasil e o consumidor chinês.
A fúria do “terrorismo econômico” na imprensa oficial brasileira
A imprensa tradicional, como rede Globo e bandeirantes e o SBT, em canais associados ao poder — tem retratado as tarifas dos EUA como catástrofes inevitáveis, prevendo colapso econômico no Brasil e concentração de perdas nos exportadores.
Essa narrativa foca em instabilidades políticas e fiscais, mas muitas vezes ignora os caminhos alternativos via Ásia e União Europeia.
Enquanto isso, o governo chinês e empresas privadas estão criando uma nova demanda por café, buscando fornecedores confiáveis como o Brasil, e mesmo incentivando programas culturais e comerciais que destacam a origem brasileira do produto.
Visão estratégica: China como oportunidade real
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China agora lidera como destino estratégico para o café brasileiro, com rankings subindo rapidamente e consumo per capita que dobrou em 5 anos — crescendo cerca de 20% ao ano.
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A mudança geopolítica causada pelos incêndios tarifários dos EUA empurrou o Brasil a diversificar exportações. China e UE absorvem o volume excedente com tarifas zero e alta demanda por qualidade e variedade.
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O acordo com a Luckin e investimento por parte da Mixue Group — cerca de 4 bilhões de yuans para importações brasileiras nos próximos anos — confirmam o apetite crescente por cafés brasileiros, inclusive de origem sustentável e especial.
EUA vs. China no mercado de café
Market | Volume anual (sacas 60 kg) | Valor aproximado (US$) | Crescimento recente |
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Estados Unidos | ~8 milhões (pre‑tarifa) | ~US$ 4,4 bilhões | Declínio esperado por tarifas ≈ 50% |
China | ~538 mil (H1/2025), >2 mi estimadas para ano | Crescente, já centenas de milhões | Exportações subiram 275% em 2023 e ~40% em 2024 |
O recuo imposto pelo bloqueio dos EUA força consumidores americanos a buscar fontes alternativas, mas dificilmente compensará rapidamente o volume brasileiro perdido.
Consumidores na China e até Europa já estão absorvendo esse excesso de oferta brasileira, especialmente nos cafés especiais com apelo de sustentabilidade e rastreabilidade, com isso mesmo que governo americano tente mudar as tarifas, parece que vai ser difícil para os americanos conseguir recuperar o café brasileiro.
Oportunidade ou crise?
Apesar das narrativas alarmistas, a verdadeira abertura de mercado está acontecendo no Oriente, não no outro lado do Atlântico.
A China, consumidora emergente com milhões de novas cafeterias e preferência crescente pelo café, se apresenta como a principal saída para os exportadores brasileiros, com bilhões de chineses a frente a 300 mil pessoas dos Estados Unidos.
Enquanto isso, o governo brasileiro pode (e deve) capitalizar essa oportunidade diplomática e comercial, reduzindo dependência do mercado dos EUA e valorizando diplomacia econômica mais pragmática.